CONTROVÉRSIAS OU VAIDADE?

28/07/2015 19:54

Há cerca de dois anos contei a uma conhecida psicóloga – toda empolgada – que, finalmente, havia começado a fazer psicanálise. Para minha surpresa ela riu e disse: “Freud já era!” Minha reação? Levei um baita susto e perguntei: “você está falando sério”? Ela se zangou - e disse várias coisas que nem valem a pena ressaltar - e eu achei melhor mudar de assunto. Porém, depois deste episódio, passei a falar sobre psicanálise somente com pessoas que eu percebia que se interessavam pelo assunto, principalmente, com outros estudantes de psicanálise. Até que um dia, um deles me perguntou: “sua escola é freudiana ou lacaniana”? “É freudiana” – respondi. A partir deste momento, senti uma cisão por parte de alguns que se declararam lacanianos convictos. Um tempo depois, conheci um junguiano divertidíssimo – foi numa dessas noites de papo marcantes, onde haviam também um filósofo e uma artista. Confesso que li poucas coisas de Jung, porém já sabia da história, da ruptura com Freud e de sua tendência mística. Mas só fui saber que ele era abominado pelos freudianos e lacanianos um pouco mais tarde, quando fiz uma citação de Robert Sternberg e Clarissa Pinkola Estés -  ambos analistas junguianos - em um artigo sobre o amor. Pensei: “como um teórico que tem a história que ele teve pode ser tão rejeitado? ” – E assim alguns profissionais da subjetividade discutem na base do quem-é-melhor. Discordar é uma coisa, mas, a situação beira a disputa; há uma necessidade de falar mal, de expor algo de negativo ao estudo do outro e até mesmo de denegrir o profissional por sua “má escolha” ou pelo seu “não saber”. Na minha opinião – de mera mortal – isso não passa de vaidade, que etimologicamente significa vácuo, ou seja: vazio absoluto. Embora eu tenha me identificado na clínica freudiana, vou a congressos lacanianos, converso com todas as pessoas, respeito todas as linhas e jamais deixarei de ler e respeitar os outros teóricos. Não pertenço a esta guerra de vaidades e a enxergo como algo involutivo, infrutífero e fútil.

Daniella Salgado, psicanalista clínica, professora e enfermeira.

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