O bullying é o grande vilão?
Muito se fala sobre o bullying em postagens, comentários, vídeos; não apenas no facebook, mas em cursos e na mídia em geral. Frases feitas como “abaixo ao bullying”, “diga não ao bullying” são ênfase de tais postagens, assim como não faltam argumentos punitivos e definições de uma personalidade negativa aos que praticam tal comportamento.
Segundo o site
Algumas histórias me chamam atenção, como a da menina que era chamada de “aberração de circo” e, traumatizada, lutou anos com um tratamento ortodôntico e hoje expõe sua história de superação onde ressalta sua alegria e segurança. Igual a dela, muitas outras são contadas e aclamadas, sempre em tons acalorados, com mensagens rancorosas àqueles malfeitores de ocasião, que seja onde for, humilhou e zombou da vítima em potencial. O que me assombra nessa história é a ideia de que se não fosse o trauma vivido pela jovem, talvez nada teria sido feito em prol de sua melhora.
Esclareço que não estou, com esta reflexão a fazer qualquer tipo de apologia ao bullying, mas não posso deixar de questionar se este atual “politicamente correto” poderia colaborar na construção de sujeitos fracos, carentes e/ou indecisos? Certa vez, o pai de Freud disse a ele: "esse menino não vai dar para nada" - vol. IV, p.245 e isso foi determinante na construção de suas ambições.
Percebo situações segregatórias muito mais danosas, como o preconceito velado em sorrisos e desculpas. Este “politicamente correto” é lindo se fosse uma verdade humana, mas não é assim e sabemos (mas fingimos não saber porque está na moda). Não devemos desistir de sermos pessoas melhores, mais educadas e respeitar as diferenças, mas, isto não significa aceitar e compactuar com a estagnação do outro. Conheço muita gente que vive da exploração de traumas, sintomas e sofrimentos individuais diversos. Ter o entendimento de que a angústia é de todos e não só daqueles que são vítimas, é uma boa maneira de não estreitar tanto a mente num estereótipo típico.
Daniella Salgado, psicanalista em formação, enfermeira e professora.
"E umas das coisas que aprendi é que se deve viver 'apesar de'. 'Apesar de', se deve comer. 'Apesar de', se deve amar. 'Apesar de', se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio 'apesar de' que nos empurra para frente. Foi o 'apesar de' que me deu uma angústia que insatisfeita foi criadora de minha própria vida."
Clarice Lispector
Etiquetas:
bullying | preconceito | superação | verdade
Contato
Rua: Professor Moraes, 562 - Savassi
Belo Horizonte/MG
https://www.facebook.com/psicanalise.em.prosa.e.verso https://www.facebook.com/daniella.pietra
(31)99200-6550 daniellasalgado.psicanalise@gmail.com